domingo, 13 de junho de 2010
FUTEBOL
Ano de 1950. Estava eu com 5 anos e de nada lembro. Guardo comigo, no entanto a expressão de tristeza dos adultos contando a tragédia do jogo com o Uruguai. Do silêncio do final da perdida. Do choro dos brasileiros. Principalmente da derrota.
Ano de 1958. Os jogos da Copa eram transmitidos por rádio. Já havia os de pilha. Final da Copa. Euforia geral. Auto estima dos brasileiros recuperada. Começamos a acreditar que éramos alguém.
Que poder é este que o futebol tem de nos afetar? Sim afetar vem de estarmos ligados com afeto a. Ficamos apaixonados se nosso time perde. Choramos, gritamos... O contrário é verdadeiro se nosso time é vitorioso. Nos enchemos de orgulho e achamos que somos os maiores...
Os maiores? Os menores? Tudo é questão de auto-estima. Nos identificamos com aquelas pernas que chutam uma bola. A bola precisa entrar e fazer um gol. A bola é símbolo de poderio, de competência. Quando dois times entram em campo é como se fosse uma guerra. Alguns jogadores se esquecem que se trata apenas de um jogo e atacam seu oponente ferindo-os. Alguns torcedores confundem uma disputa pacífica com uma verdadeira guerra e utilizam os jogos para serem agressivos e mostrarem sua força violenta...Descarregam sua agressividade.
Por que ou para que nos identificamos? Precisamos pertencer a um grupo. Precisamos fazer parte de um todo. Assim escolho um time por diferentes motivos, mas todos carregam algum afeto. Nem que seja pela cor da bandeira ou da camisa. Mas, vocês já repararam? O meu é sempre o melhor...
Em se tratando do Brasil começamos a sermos conhecidos pelo mundo pelo futebol. Além da auto estima recuperada os jogos nos tiram da rotina, nos jogam na fantasia e nos dão a oportunidade de fazermos uma catarse coletiva. E’ evidente que se o Brasil vence sempre é mais fácil fazer com que nos esqueçamos do preço da carne, dos transportes horríveis, da falta de escolas e de hospitais. E’ sempre mais fácil fazer com que um povo consiga se iludir que pelo menos naquele momento somos os melhores, os maiores.
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excelente texto, de quem sabe do que está fajando, e o dizendo com um formidável, esolêndido discernimento. eu sei do que estou a falar, pois essa é justo minha seara - assim comentar o texto de Vera faz parte de minha atividade, como crítico e escritor. que este texto seja veiculado e se irradie pela www como deve e merece.
ResponderExcluirMauro Rosso