terça-feira, 10 de novembro de 2009

Diário de um ano por vir

Inicio de um novo caminhar para viver
e por vezes reviver o querer.
Feliz ano 2009
O coração é ficar com o acontecer.

Mas, por favor,
não me fale de formas
enquanto não encontro outra para o amar.

A solidão é uma leitura sempre cega
para os que não conseguem enxergar.

Por favor, não me fale de lembranças
Por favor,
Se cale.

O momento da dor
reflete o espelho da cor
que se esvai a cada dia no meu olhar.

Por favor,
nada fale.
Minha voz irradia
o profundo amargor de um amor
que não sobreviveu em paz.


Dia dos Reis, 6 de janeiro de 2009.


Reis ou rainhas de que? Dos sonhos que se foram ou dos risos que não podem mais existir? Desarmo a árvore de Natal que significa: desarvore-se do porvir que nunca será como projetou.

Guarde tudo bem guardado e jogue fora tudo que não presta. O futuro? Paris – Roma. Paris me espera com seu sorriso e seu charme. Há quanto tempo? Paris sempre me seduziu. Pacientemente aguardou que eu vivesse tantas coisas... Meu sonho sempre foi protelado. Mas, há quanto tempo espero você Paris? Será que nos seus braços poderei ter um pouco de paz?

Memórias antigas me preparam. Livros lidos sobre Toulouse-Lautrec, Gauguin, Picasso, Van Gogh, Sartre, Simone de Beuavoir, Lacan, Annouilh etc... Uma língua aprendida desde os 6 anos. Minha primeira diretora era francesa. Meu sobrenome francês.

Memórias antigas me perseguem e dizem que lá percorri suas ruas principalmente as do Quartier-Latin. Talvez um dia tenha aconchegado muitas mulheres em um bordel em bom francês. Brinco dizendo que fui puta de luxo igual Dona Beija com muitas roupas vermelhas e jóias de ouro. Cultivando e misturando como boa libriana o luxo, a arte, a inteligência, a finesse, o belo, a sensualidade e sobretudo o amor e a angústia humana que tão bem Sartre definiu.

Quantas roupas levar se me sujo igual uma criança com os molhos? Principalmente os de tomate. Hoje mesmo saí do restaurante e ao olhar para baixo vejo minha blusa manchada de que? Molho de tomate. Sou assim e quando criança diziam que era igual ao meu pai. Estabanada. Pura falta de coordenação motora com um misto de ansiedade.

Andarei de bicicleta ou de ônibus? Conseguirei não trazer todos os livros? E as gravuras? Perfumes? Meu pai me presenteava com Ma Griffe. Hoje em dia ninguém faz propaganda. Use Ma Griffe. Sou de pouco usar perfumes. Mas, preciso trazer um pouco do cheiro de Paris e da minha infância. Acima não mencionei que deveria jogar, tudo que não presta, fora? Mas, não dá… Ma Griffe, palmiers e orquídeas rimam com meu pai. Que saudades, meu pai.

E depois, Itália: Veneza, Florença, Assis, Roma. Cultura ancestral – latim, etruscos, Coliseu, romanos, arte.

Agradeço aos deuses o privilégio de usufruir cada momento. Comprarei um “cahier” em Paris, primeiro destino para anotar minhas impressões, sugestões e comparações.

Vocês terão paciência de me acompanhar? Sigam. Eu lhes prometo algo de novo. Talvez um banho de paz. Talvez um cheiro de cor. Prosseguimos? Quando será a viagem? Só em setembro. Aqui no Brasil, primavera. Lá, outono. As folhas caem. Época de jogarmos fora o velho. Vocês estão preparados? Será que estou?




Carnaval de 2009


Amigos gentis. Presenças ausentes. O que é um momento difícil? Aquele em que se pede socorro ou aquele em que se espera ansiosamente que algum amigo apenas fale sem que você precise a ele recorrer? Descobri hoje. Sou minha melhor amiga – e muito gentil para todos os momentos difíceis.

Um novo porvir apesar da rinite horrível que me lembra: és humana. Existe sempre uma saudade a me perseguir. Sou Maria, Vera Maria que brilha de dia, mas que à noite estou de trabalho, cansada. E parece que sempre numa cadeira antiga.

Rasgo sempre meu coração. Rasgo minha alma e encontro alegria no sorriso das minhas netas...

O sol voltou a brilhar e uma nova vida aparece nesse vazio. Até a casa faz barulhos como se existisse alguém a passear.

O que não sei?
Por que?
Fico triste porque o telefone hoje ficou mudo.
O que não sei?
O amor se dissolve?
Quando os dois amam
ele não se dissolve
Te envolve.

Não existe reencontro
Nem canto que não tenha partidas.
Parece sempre que estou de partida
ou quem sabe repartida?

Tento dormir e...
Acorde...
Um instante é uma vida inteira
que não se desfaz?
Triste e só.
O tempo esvoaça
E para onde vou?
Paris.