segunda-feira, 29 de março de 2010

E agora, você?

Querido amigo

Sei que os dias se passaram e não lhe respondi. Mas, o que você gostaria de escutar? Que estou com pena de você?

Já não é hora de libertar-se , de desapegar-se  do cuidar do outro? Tudo bem... Tens um filho. Ele, sim. O resto, não...

Sei também que é mais fácil cuidar dos outros para não nos enfrentarmos e crescermos. E’ hora de se libertar e viver sua vida com sua família nuclear. Pare de querer recuperar o que se foi...Pare de querer ser o bonzinho. Ninguém lhe agradecerá e sempre será o lobo mau.

Não adianta tapar os ouvidos se me pediu opinião. Se precisar venda a casa. Desapegue-se.Nascemos sós e morreremos sós. Olhe-se no espelho e pegue as rédeas da tua vida. Pare de se lastimar e se preciso for divida a casa e dê a parte do seu irmão. Liberte-se da família de sangue como você afirma   porque ela é importante, mas não é a sua identidade.

Cuide muito bem de você porque é hora de acreditar em você . E quem sabe? No que? No galo?

Com amor

quinta-feira, 4 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Penso eu que todos os dias são das mulheres. Não existe o dia do Homem... Espera-se que eles saibam sempre onde está a sua sexualidade. E nós? Abrimos caminho para nossas filhas. Ousamos um pouco  mais. Mas, continuamos sendo Mulheres. Bravas. Com garra. Apenas, Mulheres.


Em 1923 Marie Laurencin ( 1883-1956) pintou em óleo o "Portrait de Madame Chanel" . Vocês conhecem essa que mudou a moda?


Olhe bem fundo para meus olhos. Mais fundo ainda. Eles me traem? Eu queria apenas que quando a cortina fosse cerrada, as ilusões não fugissem. Mas, todos corremos atrás e nos cansamos. As ilusões? Onde estão? atrás das cortinas ou no porão dos nossos sonhos?  Onde estão nossos sonhos?



Quando menina tinha uma vizinha que morava numa casa. Tínhamos vários sonhos e confabulávamos por horas. Queríamos apenas ingressar naquele mundo das mulheres...


Meninas ou moças? Ainda não sabíamos. Por vezes subíamos em árvores, noutras nos dependurámos no sótão a contar segredos. Eu a amava. Calma, calma. Ela era diferente. Apressadinha, magrinha e divertida.


Tínhamos muita curiosidade. Principalmente a sexual que ninguém nos falava de quando seríamos mulheres. Procuramos em livros e em dicionários o mistério de ser mulher. Naquela época era tudo diferente. As coisas não eram faladas. Caladas... E, insuportáveis...


Eu também tinha amigas de infância que juntas aprendemos a crescer. Mas, um dia, um belo dia, resolvi ingenuamente para a maior delas, ou melhor, para a que eu achava a minha melhor amiga contar que aquela que subia em árvores pegou um vidro de mercúrio cromo e inundou um modess para a mãe informar que: Agora sou Mulher...


Vocês sabem qual nossa idade? 10 anos. (Imediatamente minha mãe ficou sabendo do ocorrido e me proibiu de procurar aquela que eu tanto admirava.- achava que ela vivia no mundo da fantasia).  Passei minha vida envergonhada de ter guardado isto no meu sótão. Mas, agora divido com vocês...


Preciso dizer bem baixinho para ela que nós vencemos. Cada uma da sua maneira.Somos apenas Mulheres e exercemos muito  bem nossa sexualidade, lutamos, trabalhamos, temos filhos e netos e ainda temos sonhos..

O nome dela? Enveredou pela moda, seu mundo de  fantasia veste  personagens tornando-os reais   e eu no mundo da  psicologia dispo personagens reais, retiro disfarces e roupagens que não mais lhes servem.

Preciso encontrá-la e falar tudo isto. Será que vocês podem me ajudar? Se subirmos em árvores e gritarmos conseguiremos? Ou que tal irmos para algum sótão?

terça-feira, 2 de março de 2010

Fin

fin


Gostaram do meu chapéu?

Estou indo embora. Um passeio pelo Quartier Latin, Saint-Germain. Um último suspiro pelas ruas. Pour les pavés de Paris. Pulo em Montmartre e agora revejo a escadaria e com calma ...

Ultima visão da...



Affiches de Paris
Toulouse Lautrec foi o primeiro propagandista com seus affiches. Ou melhor cartazes.



Mon déjeneur  - Meu almoço





Volto ao hotel. Minha mala no saguão e eu a esperar o taxi que haviam prometido por 28 E. Ele não surge. Meninas de João Pessoa  chegam ao hotel e já protestam por terem que subir de escadas com suas malas, não ter tomada para recarregar o celular, por, por. Com calma, explico algumas coisas e elas indignadas não querem aceitar...

O táxi não chega a recepcionista chama por outro que quer cobrar o taxímetro. Ela discute com ele e eu argumento que quero então que me deixe no Arco do Triunfo para tomar o ônibis da Air France. Ele fica p.d.v .

Vocês repararam que me stressei na chegada e na saída?

Temo que me explore porque não sei o caminho de taxi, apenas de metrô ou a pé. Mas, eis que ele me deixa no local para partir. Rumo ao aeroporto agradeço ter dado tudo certo.

Aeroporto e troco o tax refund. Visito o free shop e compro 2 batons da MAC.

Eis que entro no avião e sento-me ao lado de duas brasileiras. Consigo até relaxar e ver um filme até que a trepidação apaga as luzes e durmo um pouco. Ao chegar no Brasil algumas comprinhas no free shop. Gosto do meu País. Da minha casa. Do Rio. Gosto de ter chegado e estar com minha família. Mas,


A paz em Paris me envolveu
E agora que retorno
Ela se dissolve?


`A dieu
A deus.


Sonhos perseguidos
Com seguidos
Com sentidos


Mas...
E agora?


Andei por suas entranhas
Andei por sua ruas .
Conheci seus rumores,
Seus humores, seus amores...


E agora, Vera? A festa acabou?

Lembro-me de Carlos Drummond que um dia me deu a mão na sua noite de autógrafos na Editora Sabiá. Sentei-me ao seu lado para ajudá-lo a perguntar quem era quem... no Clube Marimbás convidada pelo Fernando Sabino pai de minha colega Eliana, sua filha.

“E agora, José?       E agora Vera?
A festa acabou,       A festa acabou
a luz apagou,           a luz apagou
o povo sumiu,         Paris sumiu
a noite esfriou,         a cidade luz esfriou,
e agora, José ?        e agora, Vera?
José, pra onde?

Tentem ler a poesia inteira.
Vera,


Para onde?