domingo, 29 de maio de 2011

UM NOVO DESPERTAR

Estranho comentário no jornal O Globo sobre o filme “Um Novo Despertar”. Coloca-o como comédia e em realidade é um drama. Trata-se de um homem com depressão que procura uma salvação para seu desespero. Dissocia sua personalidade através de um boneco Castor que representa sua parte sadia e racional.

Na cultura dos índios americanos cada animal tem um poder. O do Castor é de ser um construtor. Quando constrói sua casa deixa vários pontos de escape. Assim o boneco lhe ajuda a reerguer sua empresa. Mas, também em determinado momento o personagem não agüenta sua dualidade, sua dupla personalidade e acaba por matá-lo. O personagem nos mostra como a doença mental pode ser auto-destruidora. Pessoas escutam vozes, têm alucinações e sofrem. Desmistificar a doença é necessário. O filme de forma alguma beira o ridículo como afirma Érico Reis.

terça-feira, 24 de maio de 2011

O MITO DA FELICIDADE

PEQUIM - O amor se aprende na escola? Os jovens chineses duvidam que os sentimentos possam ser decretados por lei, mas não têm escolha: vão ter que estudar o amor no colégio, por ordem da Comissão Educativa, órgão que determina o conteúdo dos currículos escolares. O curso de psicologia para estudantes, que já existia nos colégios secundários, vai ser reforçado com um novo programa de aprendizado, baseado num livro de nove capítulos com todos os aspectos da sexualidade.

O que é a felicidade? Cada um definirá de seu ponto de vista. Enquanto nós do Ocidente procuramos ser mais felizes meditando, respirando melhor, lendo e consultando o I Ching, tentando conhecer o budismo, os chineses querem nos imitar procurando o Amor. O que é o Amor? E será que somos felizes amando? Muitas vezes ele não se confunde com paixão ou com tesão?

A agressividade humana é inata. Por favor não a confundam com violência. Falo da combatividade que a criança necessita ter para nascer e nós para vivermos e enfrentarmos o dia a dia, o nosso ganha pão. Já a ternura é aprendida na primeira infância. Na família. Com exemplos. Não existe manual.

A tradição chinesa rezava os casamentos programados. Aliás aqui no Brasil também isto existia. Se olharmos para a tradição da narrativa foram felizes Romeu e Julieta? Tristão e Isolda? E as tragédias gregas? Só em Zorba o Grego é que todos acabam na praia.

O homem só será feliz quando aceitar suas limitações, sua condição humana. Já Sartre afirmava que a angústia humana é natural.







quinta-feira, 19 de maio de 2011

EXPOSIÇÃO DE FERNANDO PESSOA


Anos de 1960 e minha professora de português nos apresenta ao poeta Fernando Pessoa. Deslumbradas com a efervecência dos tempos comíamos chocolates como se devorássemos a verdade. Acreditávamos que ela existia e encontraríamos em algum lugar. Recitávamos pelas ruas seus versos. Um dos meus preferidos a tabacaria.

TABACARIA
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
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Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
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Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
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O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
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(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!