segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

pompeia e capri

Dia 19 de setembro
Estou no ônibus. Sempre duas pessoas atrasam. Ana pacientemente nos oferece um saco com um lunch. Suco de laranja, croissant, queijo, torrada. Ainda está escuro e tento dormir mais um pouco.



Pompéia fica distante a 22 km de Nápoles e foi destruída pelo Vulcão Vesúvio no ano de 79 d.C. Passamos pelo Vesúvio e ele parece ser tão insignificante, uma montanha normal. O Vesúvio se transformou em duas montanhas pequenas. Mas, a população local tem estratégias para uma fuga caso ele entre em erupção. Dizem que de 50 em 50 anos ele dá o ar de sua graça e já faz tempo que ele está manso. Chegamos a Pompéia e somos encaminhados para um restaurante que nos serve um belo café da manhã. As cadeiras são de um estofado florido muito bonito. As toalhas sempre de tecido adamascado. Uma menina pede água quente para o chá que trouxe e até entenderem o que ela quer foi difícil. Rimos com este episódio... Em seguida a guia se apresenta e lá vamos nós conhecer a bela cidade adormecida até o sec. XVI onde um projeto para canalizar o rio Sarno sob o comando do conde Muzio Tuttavilla descobriu uma parte decorada. Em 1748 trabalhos sob o império de Charles de Bourbon iniciaram o projeto de recuperação das ruínas.







Corpos refeitos como foram encontrados. A cidade era extremamente organizada e o que podemos notar que era bem sensual e vivia do comércio. Suas ruas eram propositalmente feitas para que as carruagens dos outros povos não pudessem circular pela cidade, obrigando-os a alugar e dificultar a entrada dos inimigos.



Imagino como aqueles povos, primeiramente os etruscos e depois os romanos viveram naquele lugar. Parece que ainda existe vida aí. As colunas falam e as paredes também. Impossível não se emocionar com a força que emana daqui.



Em Pompéia foram encontrados grafites.




Conselhos:
Viva quem ama, morra quem não sabe amar! Morra duas vezes mais quem proíbe o amor!”

“ Se alguém aqui repreender os enamorados, que faça também cessar os ventos e proíba correrem as águas de uma fonte

“Quem ama não deve banhar-se em fontes quentes, pois ninguém que foi escaldado pode amar as chamas.”


Afresco  que resistiu à destruição.
Arrependi-me de não ter comprado uns cartões eróticos. A guia nos explica tudo, as termas, as casas com sua arquitetura, a parte residencial e a comercial, os jardins, etc.

Abaixo uma pizzaria


Gostaram?

Este é Priape, com enorme falo encontrado na entrada da casa e que era um símbolo que propiciava a riqueza.





Bom, o passeio terminou em Pompéia. Rumo a Nápoles e depois Capri. Tour panorâmico por Nápoles onde nosso guia (para cada lugar um guia específico com sabedoria do assunto chega e sai com a maior rapidez) se junta a nós. E’ um rapaz napolitano que lembra os cariocas. Ana salta antes para comprar os bilhetes do barco tipo Niterói. E’ uma cidade litorânea e que tem seu encanto. Não deu tempo para conhecê-la.


Subimos para o barco e fico lá em cima para ver a vista. Venta bastante e penso na volta fico lá embaixo que estará frio. A visão é maravilhosa, tanto de Nápoles se afastando quanto de Capri se aproximando. Um homem vende sacolas da Capri, arrependo-me de não ter comprado. Serviria para ir à praia. Hoje é sábado e lembro-me da poesia de Manoel Bandeira, porque hoje é sábado. Só com minhas reflexões, penso nas meninas. Será que no Rio está fazendo sol? Elas foram à praia? E Dani com a festa? Ninguém pode imaginar como Capri é bonito. Beleza natural. Nunca vi uma água tão azul... Não é lindo? Agradeço o dia lindo para aproveitarmos.








Saltamos da embarcação e tomamos uma menor que circundará um pouco a ilha nos levando a ver as grutas, e as escarpas. O guia a debochar mostrando os iates e casas “dos pobrezitos de Capri”. Nos iates meninas e moças fazem top less. Não pudemos entrar na gruta azul porque a maré estava alta e a embarcação é bem maior das que vocês estão vendo abaixo. Ficaríamos lá entalados. Mas, preciso suspender minha respiração. Como é belo!!! Repito para mim. Como a água é azul e límpida!!! E ’o Mediterrâneo. A pérola do Mediterrâneo.


Retornamos ao cais e surpreendentemente devolvem a carteira para o equatoriano que a perde pela segunda vez. Ele está com a esposa na excursão, são jovens, mas são eles que sempre nos atrasam. Falo com a esposa dele. E’ um aviso. Ela ri. Devo dizer que eu falava com todo mundo na excursão.

Tomamos um micro ônibus que nos leva para cima e para o almoço. “Não tomem o lemoncello (é uma espécie da nossa cachaça, aliás, como eles produzem muito limão até perfumes fazem) é pago e caro. Eles não estão dando. Lembrem-se não está incluído. Escolham o risoto e as lulas fritas” Recado do guia napolitano com as calças jeans lá embaixo. Tem muito bom humor. Não parece um carioca?
Assim é o caminho cheio de micro ônibus e carros enormes.Já pensaram, como funciona? O movimento nas ladeiras é uma loucura. Os poucos carros que por lá circulam são enormes e quase ocupam a rua inteira. Normalmente são conversíveis. Parece que são taxis.


Este passeio é à parte, preço salgado, mas está valendo a pena. A brasileira com cara de dor barriga não veio. Surpreendo-me falando para as mexicanas: Não tenho mais tempo para depois.

O almoço fica numa casa no meio da subida e é extremamente alegre. Todos estão felizes com o sol e com aquele lugar onde só mora milionário. São dois mundos. Isto percebi. O deles e o nosso, classe média que junta os vinténs para viajar. Outras excursões chegam e lá aparecem os dois casais portugueses. Vocês se lembram deles? A neta de um deles sempre sorri quando me vê. Deve ter uns 10 anos e eu falei que ela tinha uns olhos verdes lindos. Todos pedimos cerveja bem gelada. Até a mexicana com os cílios postiços enormes e sempre borrados. Mas, extremamente delicada com sua filha.
Os garçons realmente oferecem o lemoncello, mas ninguém aceita. Lá vem, o guia outra vez e fala no lemoncello. Está com uma garrafa de cerveja na mão e nos pede desculpas porque está trabalhando, mas que com aquele sol e em Capri e depois teremos tarde livre, ele estará dispensado. Sorrimos e batemos palmas... .Pode tomar todas as cervejas. Outro micro ônibus nos leva até o alto de Capri. Entramos numa loja onde o lemoncello é servido. Gostoso, achei. Servem em copinhos de café. Tomei uns três bem geladinhos.

Chegamos ao alto e recebemos bilhetes para a volta do fonicular. Resolvo ficar só e circulo pelas ruas. Lojas de grife. Lojas de perfumes feitos com limão. São gostosos, super caros. Não compro. Lá no alto existe o Jardim de Augusto onde se tem uma visão deslumbrante de Capri. Sobe-se escadas, ladeiras e me deparo com lindos hotéis cinematográficos. Diária? Mil euros... E’ claro aqui só os pobrezitos vivem. Nós os turistas apenas passamos, passeamos e...







Lá vamos nós embora... Com a alma repleta deste azul que contrasta com as habitações brancas. Ainda bem que vim porque será que ainda voltarei? Na estação do fonicular uma grande confusão se estabelece porque todo o turista tem hora para voltar e os bilhetes não abrem as portas. Uma das mexicanas insiste em passar um bilhete que quando olho é do Vaticano. Rimos muito, mas a fila continua a crescer e a irritação dos turistas também. Chega um guarda que passa um bilhete, a porta se abre e todos passam pela roleta. E lá vamos nós descendo...



Embaixo várias lojinhas vendem souvenirs. Não combina com o luxo de Capri, mas eles precisam sobreviver com os turistas. Quero comprar uma blusa para mim e o vendedor se invoca porque não me deixa experimentar. Procuro outra loja e compro uma branca, uma preta e duas com gatinhos sorrindo, felizes, chorando, tímidos, emburrados, etc, para minhas netinas.




Volta pela embarcação escolho a parte de baixo. Ana chega com sua amiga guia da excursão dos portugueses que enjoa e passa mal durante na viagem. Pode uma guia enjoar? Deve ser horrível para ela.

Entramos no ônibus de volta mas antes paramos para jantar. Vocês se lembram do equatoriano que perdeu a carteira? Pois é. Ele tomou tanto lemoncello que sentado ao meu lado não dizia coisa com coisa e sua cabeça foi difícil de segurar. Sempre acabava dentro do prato dele, é claro.... Lembrei-me do quadro da cabeça de São João Batista. Vocês ainda se lembram? Ele acabou degolado por tanto limão e açucar. Mas, quem de nós nunca sofreu deste mal?

Mais pasta com carne e vinho oferecido pela excursão. A qualidade do vinho não era ótima, mas comparada ao do Brasil, super ótima.

Preciso dormir. Chego à Roma. Amanhã é outro dia. Tento ligar para o Marcio. Desisto. Rezo para que tudo corra bem e desejo em pensamento um ótimo aniversário para ele.