terça-feira, 9 de abril de 2013




“Anne se esquecerá de sua adolescência e eu não, ela teve as carícias de Jean Azevedo, desde os primeiros gemidos de um menino que será seu duende sem mesmo tirar sua camisa. As mulheres da família negam sua existência individual. Esta doação total à espécie é bela; sinto a beleza desta negação, desta anulação. Mas, eu, mas eu!” (tradução minha).

Thérèse inveja sua amiga tão simples que ousara se aventurar e se apaixonar por um jovem desconhecido sem estirpe. Ela casou com Bernard na pretensão de dissipar sua angústia e apaziguar seu desejo de liberdade de pensar e agir!

No entanto, o casamento com sua rotina e o racional de Bernard só lhe trazem tédio desejando fugir daquela situação. “Um homem como você, Bernard, conhece sempre as razões de seus atos, não é?”.


Thérese Desqueyroux, romance de François Mauriac me fascinava entre os 16-18 anos. O livro encontra-se intacto assim como minha memória. Ficava eu um pouco assustada porque admirava Thérèse e ela havia envenenado seu marido Bernard. Naquela época tinha receio de estar compactuando com um crime mesmo que fosse   na imaginação. Vendo o filme, revivi a história e compreendi que naquela época já me era curioso o drama e a angústia humana.

Metafòricamente o veneno que Bernard tomava  todo dia – arsênico- se compara aos

 remédios e drogas que utilizamos para  apaziguar nossos conflitos. E o veneno que Thérèse dava ao  marido é o que fazemos inconscientemente envenenando dia a dia com algumas gotas nossos relacionamentos porque achamos mais fácil nos livrarmos de quem pensamos que nos aprisiona do que olharmos para nós e vermos que  somos nossos verdadeiros carcereiros!


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